
Através desta Rubrica ficamos a conhecer melhor Fernando Fonseca (FF), Diretor do Serviço de Ortopedia do CHUC.

GCIRP: O que mais gosta do CHUC? E o que menos aprecia?
FF: O que é que eu mais gosto do CHUC é a grandeza e a abnegação que muitos profissionais desta casa têm e a sua ligação, digamos humana. O CHUC é uma casa muito grande, mas há pessoas que dão a volta ao texto e conseguem superar isso tudo.
O que menos gosto é, às vezes, as pessoas serem capazes de ir de um lado ao outro levar abnegação total, para depois estarem a discutir uma coisa mínima.
GCIRP: Se pudesse, o que mudaria no seu local de trabalho?
FF: Gostava de dar melhores condições de trabalho, sobretudo, de bem-estar psicológico porque lidamos com stresse muito importante no dia-a-dia. Às vezes, esse bem-estar psicológico não existe, pelo facto de haver pequenos problemas, afetando depois, como é óbvio, o relacionamento com os próprios doentes.
Luto todos os dias para que as pessoas se sintam bem. Porque se as pessoas se sentirem bem são capazes de trabalhar mais.
GCIRP: Considera que, de algum modo, faz a diferença no seu local de trabalho? Como?
FF: Eu acho que dou o meu melhor para tentar fazer a diferença e espero ser reconhecido. Muitas das vezes, nós não somos reconhecidos no momento. Como diz o povo: «Depois de mim virá, quem bom me fará». Portanto, eu estou aqui para dar o meu melhor enquanto for capaz e sentir que estou capaz.
Todos nós somos agentes da mudança. Todos nós que estamos aqui temos que fazer algo. E se todos o fizermos, contribuímos para uma grande alteração. Eu faço aquilo que consigo e tento fazer o melhor.

GCIRP: O que gostaria de mudar no país?
FF: Gostava de ver um Portugal mais positivo e menos rezingão.
Todos passamos por dificuldades. Devemo-nos focar naquilo que temos que fazer e levar isso para a frente. E isso é que faz a diferença.
GCIRP: Qual é a sua característica mais assinalável?
FF: A persistência. Eu sempre aprendi a ter que reagir às adversidades, mantendo o foco naquilo que queria, porque se não fosse assim, talvez não conseguisse chegar ao porto onde estou.
GCIRP: Que talento não tem e gostaria de ter?
FF: Gostava de ter uma melhor expressão corporal de comunicação.
Eu tenho pessoas que conseguem explicar as coisas bem e eu tenho a noção que se tivesse uma outra melhor expressão corporal, era melhor.

GCIRP: Se pudesse mudar alguma coisa em si, o que seria?
FF: Mudava a capacidade de comunicação. Gostava de ser mais persuasivo.
GCIRP: Qual considera ser a sua maior conquista?
FF: Para além da minha família direta, a minha maior conquista é ser reconhecido pelos meus passos.
Estou aqui no CHUC como Diretor de Serviço de Ortopedia, mas já fui Presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. E, atualmente, estou envolvido na Sociedade Latinoamericana de Ortopedia e Traumatologia.
GCIRP: O que mais valoriza nos seus amigos?
FF: A lealdade. A lealdade é, para mim, o mais importante porque são pessoas que estão connosco, sobretudo nos maus momentos, que é o mais importante.
GCIRP: Que pessoa viva mais admira?
FF: É difícil escolher uma porque eu tenho uma série de pessoas que são, para mim, grandes dados.
Vou dizer duas pessoas. Uma, Norberto Canha, que foi o meu primeiro Diretor. É um idealista fantástico e um homem muito voluntarioso.
E a outra pessoa, que é um exemplo, é o Professor Linhares Furtado.
GCIRP: Qual é o bem mais valioso que tem?
FF: A saúde. A saúde é o maior bem. Haja saúde que o resto estão dois braços para trabalhar.

GCIRP: Qual é a sua ideia de felicidade plena?
FF: É poder-me deitar e acabar um dia com uma sensação de que fiz tudo o que devia ter feito e que nunca se deixou por fazer o que era importante fazer.
GCIRP: Qual é o seu maior medo?
FF: Deixar um trabalho incompleto.
GCIRP: Qual é o seu estado de espírito neste momento?
FF: Muito calmo… muito tranquilo.
Quando venho para o CHUC, tento vir tranquilo. Sem tranquilidade não se consegue fazer nada e, quando nós perdemos alguma tranquilidade, perdemos a razão.
GCIRP: Quem são os seus escritores favoritos?
FF: Primeiro que tudo, Aquilino Ribeiro, e depois Eça de Queirós. Mas, ainda, tenho outros: Isabel Allende, Gabriel Garcia Marquez e Mia Couto.
GCIRP: Qual é a sua ocupação favorita?
FF: Tenho várias… uma delas é andar a passear sem rumo, a outra ocupação é ouvir música. Eu gosto muito de Jazz… a música acalma-me.

GCIRP: Diga uma palavra – ou frase – que usa com muita frequência.
FF: Quem trabalha comigo, sobretudo em bloco operatório, sabe que eu, há muito tempo, optei por tratar casos muito difíceis. E a minha equipa habitual sabe que eu, depois de uma situação mais complicada, costumo utilizar uma frase pronunciada por Vasco Santana, que é: «Sou médico ou não sou médico?». Quando a situação está no final e já está resolvida, digo sempre: sou médico ou não sou médico? Essa é a minha frase mais característica quando estou a trabalhar.
GCIRP: Qual é a sua maior extravagância?
FF: Canetas. Se eu vir um modelo novo de canetas, vou comprá-lo.
GCIRP: Quem é o seu herói de ficção?
FF: É o Asterix porque ele utiliza a força quando a tem que utilizar e, além de utilizar esse superpoder, fá-lo de um modo inteligente. É fantástico.
GCIRP: Qual é o seu lema de vida?
FF: O meu lema de vida é servir e fazer o melhor possível. Aquilino Ribeiro é um homem fantástico na Língua Portuguesa e em todos os seus livros têm a expressão «Alcança quem não cansa» e eu uso-a frequentemente.
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