
Cada ano nascem no mundo cerca de 15 milhões de bebés prematuros, em cada 8 a 10 nascimentos ocorre um parto de um recém-nascido prematuro. Em Portugal em cada ano nascem cerca de 7000 bebés prematuros dos quais 500 no CHUC.
O nascimento prematuro é uma causa importante de mortalidade e morbilidade em todo o mundo. A prematuridade associa-se a um risco acrescido de complicações de saúde, a curto e longo prazo. Quanto mais cedo nasce um bebé, menos desenvolvidos estão os seus órgãos e maior é o risco de complicações – respiratórias, motoras, sensoriais, entre outras.
Os custos associados à prematuridade são consideráveis, pelas suas potenciais consequências na criança e sua família, mas também pelos custos inerentes aos cuidados de saúde.
Apesar dos enormes avanços nos cuidados prestados a estes recém-nascidos não é possível estabelecer a causa exata do seu nascimento antes do tempo. Apesar disso alguns fatores foram identificados como estando associados a esta condição – a gravidez múltipla, a idade materna, anomalias uterinas, infeções e doenças como a diabetes e a hipertensão, entre outros. Os últimos 2 anos constituíram um desafio para pais, bebés e profissionais envolvidos nos cuidados a estes seres tão frágeis.
Em março 2020 foi necessário reajustar a política de acesso aos hospitais, restringindo a entrada da família para evitar a propagação do vírus e assegurar a segurança dos profissionais e utentes. Esta política foi transversal a todos os hospitais em Portugal.
Apesar das unidades neonatais não terem estado no epicentro da atual crise de saúde, também foram forçadas a adotar planos de contingência com o objetivo de proteger os recém-nascidos hospitalizados, as suas famílias e os seus profissionais e alteraram o plano de cuidados neonatais baseado na promoção dos cuidados centrados na família.
Esta atitude teve em consideração as recomendações das entidades de saúde e as condições estruturais e físicas de cada instituição hospitalar e, sempre que possível, foi uma decisão partilhada entre a equipa clínica e a família.
Voltar a integrar os pais foi uma prioridade, a maioria das Unidades tem feito um esforço para a retoma da normalidade, com cautela e prudência, respeitando as diretivas dos órgãos de soberania em articulação com as Direções de cada Hospital.
Há longos anos que os pais participam na prestação dos cuidados aos seus filhos nas Unidades Neonatais e são considerados como parte integrante e essencial da prestação desses cuidados. A presença dos pais ajuda a manter o contacto afetivo e a sua capacitação, e permite a tomada partilhada de decisões com a equipa de saúde. A presença dos pais e a sua participação nos cuidados aos seus filhos desempenham um papel crítico no seu bem-estar: o contacto pele-a-pele (método canguru) e os estímulos sensoriais (voz, tato e cheiro) são elementos essenciais para a vinculação pais–filho.
Em Coimbra, onde existiam duas Unidades de Neonatologia, agora integradas numa só, os desafios têm sido e vão continuar a ser uma constante. Preparar o futuro, a “nova Maternidade” e manter os cuidados de excelência constituem os objetivos de uma centena de profissionais dedicados.
No dia 17 de novembro, comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade. Pretende-se alertar o mundo para este problema tantas vezes esquecido.
O mote este ano é SEPARAÇÃO ZERO. AJA AGORA! MANTENHA PAIS E BEBÉS NASCIDOS MUITO CEDO JUNTOS”. De roxo, a cor da prematuridade, vamos pintar a cidade e o Hospital para a todos lembrar estes pequenos heróis e suas famílias.
Gabriela Mimoso
Diretora do Serviço de Neonatologia do CHUC